Com grande
participação de colectividades de todo o país e um vivo debate plasmado no
documento “Manifesto Associativo 2015 – Recomendações Estratégicas”, o Congresso Nacional das Colectividades, Associações e
Clubes, realizado no dia 7 de Novembro em Lisboa, é um momento
alto na história contemporânea do movimento associativo popular.
Momento histórico para o movimento associativo popular, o
congresso agora realizado em Lisboa atualiza os debates ocorridos nos encontros
magnos dos já longinquos anos de 1993 e 2001, respectivamente em Almada e Loures. Um sucesso organizativo que culminou o processo de diálogo e participação no interior no movimento
associativo popular.
O congresso, que decorreu ao longo de todo o
dia, foi aberto com saudações do Presidentes da Mesa do Congresso, Barbosa
da Costa, da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e da Direção da
CPCCRD, Augusto Flor.
Os temas do Congresso
Os trabalhos foram distribuídos por quatro painéis
temáticos e decorreram tendo por base intervenções de palestrantes convidados,
personalidades de reconhecido mérito, a que se seguiram debates.
Os quatro painéis temáticos corresponderam às matérias
identificadas no período de preparação do congresso, que se materializou na
realização de numerosas reuniões com associações e coletividades, um pouco por
todo o país. Um importante esforço promovido pela CPCCRD e a que a Federação
das Coletividades do Distrito de Setúbal se associou com a realização de
reuniões preparatórias em Setúbal, Grândola e Alcochete.
O painel “Legislação, representação institucional, poder
local, associativismo e sociedade civil – Ser parceiro social é um ato de
justiça” contou com intervenções de José Ribeiro e Castro (advogado, com ampla
experiência política) e Roque Amaro (professor universitário), tendo sido
moderado pelo jornalista Pedro Tadeu.
No segundo painel - “Dirigentes associativos, voluntários e
benévolos, motivação, compromisso e responsabilidade – Sem nós não há
associativismo”, as intervenções de fundo couberam a Sérgio Ribeiro
(economista) e Manuel Moreira (Presidente da Câmara Municipal de Marco de
Canavezes), com moderação de Manuel Vilas-Boas, jornalista.
Durante a tarde tiveram lugar os trabalhos dos outros dois
painéis. “Cultura, Recreio e Desporto – Criação, reprodução e ética””, com
intervenções do maestro Jorge Costa Pinto e de José Manuel Constantino
(presidente do Comité Olimpico de Portugal) e moderação do jornalista Fernando
Correia.
No útimo painel do congresso, “Associativismo na Europa e no
mundo – Identidade e Soberania”, proferiram intervenções os convidados Ilda
Figueiredo (Conselho Português para a Paz e Cooperação e antiga eurodeputada),
Frei Francisco Sales Diniz (Obra Católica das Migrações), Luís Santos Jorge
(Conselho das Comunidades Portuguesas) e Carlos Paula Cardoso (presidente da
Organização Europeia Não-Governamental dos Desportos). A moderação foi do
jornalista José Ornelas.
Em todos os painéis temáticos houve tempo para numerosas
intervenções que traduziram a riqueza da experiencia e do conhecimento de
dirigentes e ativistas associativos das mais diversas áreas do movimento
associativo popular.
Especial destaque para o contributo da CPCCRD e das suas
estruturas descentralizadas. Em todos os capítulos deste congresso se fizeram
sentir a ação e as propostas da Confederação, das Federações distritais,
associações concelhias e coletividades filiadas.
Não é possível reproduzir aqui a diversidade e amplitude dos
numerosos contributos produzidos durante os debates do Congresso, pelo que se
aconselha a sua consulta na documentação que virá a ser produzida.
Conferências
A conferência de abertura do Congresso esteve a cargo de
Guilherme de Oliveira Martins, personalidade de reconhecido mérito e extenso curriculum, que abordou o tema “Associativismo
e Voluntariado em Portugal”. Uma reflexão de caracter histórico-filosófico
sobre o papel e a importância destas dimensões na coesão da sociedade
portuguesa.
Coube ao jornalista veterano Cesário Borga proferir a conferência
da tarde, dedicada ao tema “O Associativismo e o voluntariado na comunicação”.
Uma reflexão sobre o funcionamento dos mass
media e a forma como se desencadeia o seu interesse pelos factos. Uma lição
que não deixa de constituir um conjunto de “dicas” para uma melhor relação do
movimento associativo popular com os meios de comunicação social.
Um documento
estratégico para o movimento associativo
Os congressistas sufragaram, por unanimidade e aclamação, o Manifesto Associativo 2015 - Recomendações Estratégicas, um
importante documento de orientação que se prevê possa contribua
para definir os rumos do movimento associativo popular nos próximos anos - “Um
instrumento de diálogo entre o poder associativo e os restantes poderes, bem
como com a sociedade civil organizada”.
Visa-se “inverter as tendências negativas existentes, abrir
perspetivas de cooperação e reformar o sistema social existente, caminhando
para um modelo preventivo em substituição do actual modelo remediativo”.
Foi assim aprovado um conjunto de cerca de cinquenta
recomendações dirigidas ao poder associativo – coletividades, associações e
clubes; ao poder legislativo – Assembleia da República; ao poder legislativo e
executivo – Governo; ao poder local – autarquias; e ainda às empresas e às entidades
promotoras do conhecimento e investigação.
A sessão de encerramento do Congresso, que decorreu em
ambiente de entusiasmo, contou com a participação de representantes das
entidades organizadoras, tendo sido dirigida pelo Presidente da Confederação
Portuguesa do Voluntariado, Eugénio da Fonseca. Registe-se a ausência do
Governo neste acto, para que foi expressamente convidado.
Na mesma ocasião e como forma de homenagem a bandas e
músicos filarmónicos – um dos mais importantes esteios da cultura portuguesa - o
Congresso escutou no momento do seu encerramento a Banda da Sociedade Filarmónica
União e Capricho Olivalense, que executou o hino da Confederação Portuguesa das
Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto.
O Congresso Nacional das Colectividades, Associações e Clubes
constitui uma inolvidável jornada. A sua preparação foi também um notável trabalho
que reuniu, ao longo de meses, um conjunto de entidades com importante papel no
mundo do associativismo popular e do voluntariado. Mas, a última palavra é
sempre das colectividades.
A Federação das Colectividades do Distrito de Setúbal também
contribuiu!
Texto e imagens - CA/FCDS
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